Emoções que se atropelam,
Sentimentos que se descalçam,
Para assim fugirem rápido.
Ilusões que se envergonham de aparecer.
Trocas de olhares.
Olhares que se trocam,
Olhares que procuram olhares.
Olhares que atropelam olhares.
Olhares que falam,
Olhares que calam,
Olhares vazios
Vazios, vazios, vazios,
Vazios
Vazios como eu.
Como tu.
Como nós.
Como eles que não são como nós,
Como eles que são como nós,
Como quem não sabe quem é.
Quem foi.
Quem será
Quem será
quem será
E esse vazio
Que me mata,
Destrói,
Corrói,
Desgasta,
Me torna nefasta.
Como esse vazio que é podre.
Podre, podre, podre
Podre como eu.
Como tu.
Como nós.
Como eles que não são como nós,
Como eles que são como nós,
Como quem não sabe quem é.
Quem foi.
Quem será.
Volta.
Volta.
Volta.
Os sentimentos estão confusos.
Baralhados,
Descoordenados
Perdidos.
Perdidos de mim
e de ti.
Por isso já não somos nós.
Por isso somos eu e tu.
Ela abraça-o forte
como se não o quisesse deixar fugir
Ele passeia com as mão pelo dorso dela e diz:
- Confesso que já tinha saudades
- Hã? (interroga ela levantando a cabeça e fingindo que não ouviu)
- Já tinha saudades
Ela sorri, abraça-o ainda mais forte e pensa: Eu sabia!
Dei cor aos meus sentimentos:
Pintei o amor de vermelho claro!
De azul a ilusão,
De amarelo a angústia
Que me consome o coração.
Pintei a raiva de roxo
Não me perguntem porquê!
Dei à tristeza a cor cinzenta,
Porque assim mal se vê!
Como acho o verde bonito,
Também lhe quis dar um sentimento,
De repente soltei um grito,
E atribui-lhe o tormento!
Restava-me ainda o branco,
O cor-de-rosa, o jasmim
E o preto andava perdido,
Pois não se encaixava em mim.
Quando a chuva me tocou,
Toda a cor se misturou.
Virei uma nódoa negra,
Que o tempo desgastou.
Agora sinto-me cinzenta,
Mas de um cinzento bem escuro
Porém estendi as mãos
E vi que o vermelho continuava puro!