(Antes demais quero pedir desculpa pelo atraso mas foi-me mesmo impossível publicar na data prevista)
V
- Idade?
- 25
(
)
- E gosta do que faz?
- Não
Acho que não.
- Não??!!
- Não sei
Não sei se não gosto ou não gosto do sítio onde estou. Mas acho que neste momento não gosto do que faço.
(
)
- E namorado?
- Não tenho
Já tive
Bem, não era namoro
Era daquelas relações modernas.
(
)
- Desculpe, tenho que chorar
(
)
- E porque é que aturou isso? As mulheres são tão tontas não são?
(Rio)
- Pegue um lenço.
- Obrigada.
- Estava à espera que o sapo virasse príncipe?
- Pois
Se calhar!
(
)
- Porque não se despede?
- Porque preciso de dinheiro. Quero a minha independência.
- Vai ficar na esquina de mão estendida?
- Não.
- Então! Procure outra coisa!
(
)
- E diga-me lá o que é que esse príncipe tinha de encantado
- Hmmm
não sei.
- Não sabe?
- Não.
(silêncio)
- Acho que eram os momentos. Eram bons. Mas ninguém quer ser feliz às prestações não é?
- Claro! E os seus pais?
- Que têm?
- Dá-se bem com eles?
- Sim
muito bem.
(
)
- Porque não pede redução de horário?
- Ela não dá
- Então venha-se embora! É preferível ficar dois meses sem arranjar emprego e andar feliz.
- Está-me a fazer mal não está?
(Ela abana a cabeça afirmativamente)
(
)
- Volte cá dia 8. Às 13h.
- Obrigada.
Observo da minha janela um jornal no meio da rua
Observo-o acerca de 20 minutos
Permanece imóvel
O vento só consegue fazer esvoaçar as pontas do jornal
mas o jornal não sai do sítio.
É assim a minha vida
Como aquele jornal no meio da rua
Movimentam-se as minhas extremidades mexo os braços, as pernas
abano o tronco
- mas não saio do sítio. Todo o tempo a mesma dor, o mesmo motivo, o mesmo homem
todo o dia
todos os dias
IV
Fui ao cinema. Precisava de ver gente. De me cansar fisicamente. O ritmo staccato voltou. Estou nervosa. As frases longas não saem. Só as curtas. As nervosas. As frenéticas.
(Um longo domingo de noivado, foi o filme eleito.)
Assim que o filme começou, recebi uma mensagem. Uma amiga. Estava na presença do meu amor (ou deverei dizer do meu terror??). Alterei-me automaticamente. Toda a fisiologia do meu corpo se alterou. A adrenalina entrou em competição. O sangue invadia o meu cérebro mais rápido do que o habitual. O coração pinchava que nem uma bola saltitona. As ideias atropelavam-se e a concentração era difícil de alcançar. Entrava assim no meu (quase habitual) estado de loucura. Não me conseguia concentrar. O filme passava e os meus olhos corriam para o apanhar.
Já alguma vez se sentiram assim? Claro que já
que pergunta idiota!
A concentração voltou lentamente e fui-me normalizando psicologicamente,
O filme era triste então tinha desculpa para chorar. Estava escuro, ninguém me via. Podia libertar as lágrimas sem vergonha. Como eu queria anestesiar esta dor. Como eu queria adormecer esta loucura.
Hoje o trabalho não me fez chorar; consegui abstrair-me. Mas o amor! Ai o amor
Vou dormir. Estou cansada.
P.S. O filme é sublime!
(O próximo capítulo será publicado no dia 28/03/05)
Na vida nunca se deveria cometer duas vezes o mesmo erro: há bastante por onde escolher.
B. Russel
Cometi o mesmo erro duas vezes
cometi demasiados erros, demasiadas vezes, de cada uma das vezes que cometi o mesmo erro.
Cometi o pecado de me entregar, cometi o pecado de mendigar, cometi o pecado de quase amar.
Cometi o mesmo erro duas vezes
cometi demasiados erros, demasiadas vezes, de cada uma das vezes que cometi o mesmo erro.
Cometi a fatalidade de abraçar, cometi a fatalidade de beijar com ardor, de gostar com amor, de me deixar levar pelo desejo, de me deixar levar pela emoção, cometi a fatalidade de ouvir o coração abafando assim a razão
Cometi o mesmo erro duas vezes
cometi demasiados erros, demasiadas vezes, de cada uma das vezes que cometi o mesmo erro.
Cometi o mesmo erro duas vezes e por isso choro de novo, esperneio de novo, praguejo de novo
e estou só de novo
III
Apetece-me chorar. Aliás, já estou a chorar; só estou à espera que as lágrimas saltem cá para fora. Porque choro? Que raio de pergunta! Sei lá porque choro! Estou louca! Posso chorar à vontade! Quem me vai impedir?! Vou chorar até me cansar, vou chorar até descobrir o motivo
pelo menos o motivo principal!
Comecei a chorar porque fiquei nervosa. (É o trabalho! Mata-me!). Quando as lágrimas saltaram cá para fora já chorava por ele
pelo meu amor. Apetece-me fazer amor com ele! Apetece-me cometer mais uma loucura. Dar uma queca com ele. Usar-me! Usá-lo! Abusar da sedução e da tentação! Pelo momento, pelo desejo, pelo calor do meu corpo. Mas ele não sabe. Mas ele não me quer. Mas
Aiiii
Choro! Não consigo controlar os mas. Continuo a chorar. Já não é por ele. É por mim. Não tenho tempo para me distrair da loucura. Olho para o relógio
TIC
São 19h20
TAC
passam 10 minutos
TIC
são 19h21
TAC
TIC, TAC, TIC, TAC, TIC, TAC, TIC, TAC, TIC, TAC
Parece-vos paradoxal? Mas não é meus amigos! O tempo é psicológico! Fazemos dele o que queremos! É como a loucura
Vou parar de chorar
Já chega por hoje.
Um dia vais-te sentir vazio e não vais perceber porquê. Quando conseguires perceber o porquê dessa sensação, será tarde. Digo isto pra teu bem, por nada mais
Ela: Adoro quando passas as mãos pelas minhas costas e as beijas enternecidamente
Ele: [Afaga-lhe o dorso como quem afaga o dorso de um gato e, sem saber, aquece-lhe o coração
]
Porque nós merecemos,
FELIZ DIA DA MULHER
para todas vós!
II
Será que fiquei louca por amor? Ou foi o dia-a-dia que me fez enlouquecer?
Será que foi esta rotina estúpida à qual nos sujeitamos diariamente? A qual a sociedade não nos deixa fugir? A qual somos obrigados a engolir?
Casa. Trabalho. Casa. Dormir. Acordar. Trabalho. Casa. Dormir. Acordar. Trabalho. Casa. Sair. Dormir. Acordar
Cansaço
Trabalho. Casa. Dormir. Acordar
Tristeza
Trabalho. Casa. Sair ou Dormir?
AAAAAAHHHHHHH...
Apetece-me gritar! Apetece-me arrancar esta rotina! Quero viver à margem da lei. Ser feliz sabem? Não quero passar o dia inteiro no meu local de trabalho! Quando é que vou ver o mar? À noite ele já não é azul! Quando vou ver o sol? A lua não aquece a minha pele! Quando vou passear na praia? À noite tenho medo de sair sozinha!
Deixem-me soltar esta raiva reprimida! Um louco tem direito de gritar não tem? Pois bem! Eu estou louca! Eu posso gritar!
AAAAAAHHHHHHH...
Não quero trabalhar
Detesto o que faço! Ou ser+a que detesto as horas que lá passo e até gosto do que faço? Não tenho paciência para as pessoas que trato! Ou será que elas continuam iguais e eu, com a minha loucura deixei de lhes querer bem?
Aiiii
. E o amor! O amor que vem sempre ao de cima...? Que ataca os meus pensamentos como uma fera ataca a sua presa! O amor que atormenta a minha loucura! O desgosto de amor
Porque o amor sozinho nada faz
(Suspiro)
Estou cansada. A minha cabeça não pára.
Que dia é hoje? Ah! Ok
Pra semana vou à psicóloga
Vou analisar a minha loucura
(O próximo capítulo será publicado dia 14/3/05)
Aperta-me com um abraço.
Faz-me sentir viva
Faz-me sentir que o ar que eu
respiro pode ser travado com a
força de um abraço
do teu abraço!
Aperta-me com um abraço.
Faz-me sentir desejada
Faz-me sentir que o meu corpo
te masturba o desejo e
que o amor que sinto por ti pode
ser alimentado com um abraço
O teu abraço!
Aperta-me com um abraço.
Faz-me sentir que voltas
Faz-me sentir que o amanhã não
será o princípio do fim e que
voltarás para me dar um abraço
um teu abraço!